Formação
Os mandamentos impressos no coração do Homem!
Todo ser humano, criado à imagem e semelhança de seu Criador, é chamado a participar da bem-aventurança celeste mediante o cumprimento de sua finalidade sobre a terra: com seu intelecto conhecer a Verdade absoluta, e com sua vontade aderir ao Bem supremo, que é o próprio Deus. Por isto, deverá viver uma vida reta, repleta de justiça, contribuindo com seus valores para que também a sociedade, na qual está inserido, atinja o mesmo objetivo. Contudo, após o pecado das origens, o homem é cotidianamente violentado pelas suas más paixões, por ter perdido a integridade e o pleno domínio que possuía sobre seu corpo, outrora em perfeita tranquilidade. Necessita ele agora de uma lei que ordene seus atos, afim de não vir a desviar-se do caminho que o levará à divina beatitude. Esta lei é denominada natural.A temática do presente trabalho será discorrer sobre a lei natural que rege o agir do homem, auxiliando-o diretamente a salvar-se.
1. A lei é a expressão da norma moral
Em qualquer época histórica ou lugar do mundo, sob quaisquer condições, o homem sempre buscou a felicidade. Criatura de Deus, tem as potências de sua alma direcionadas, ainda que não perceba, para a posse do Bem Supremo. Assim, a inteligência deseja sofregamente possuir o conhecimento absoluto, a vontade almeja amá-lo ardentemente, e ambas não serão saciadas enquanto não se encontrarem com o ser pleno e perfeito, ou seja, Deus. A este respeito comenta Gambra (1973, p. 275) que "Deus como criador da natureza humana é o bem supremo para o qual, consciente ou inconscientemente, o homem tende ao desejar as diferentes coisas que pretende, naquilo que possuem de particularmente bom". Portanto, a felicidade completa, a realização plena de suas potencialidades, só se encontrará na contemplação ou posse de Deus. O ser humano caminha neste mundo qual peregrino em busca do mundo sobrenatural em que espera entrar após a morte (p. 276).
Tendo uma finalidade, deve cada homem orientar sua atuação moral rumo a ela, diria o conselheiro Acácio, profeta das evidências. Aliás, entende-se a própria finalidade como "aquilo que move alguém a praticar determinado ato; o bem (ou o mal) que a pessoa tem em vista ao agir" (BETTENCOURT, 2003, p. 13). Esta orientação se faz através da norma de moralidade, "regra ou medida a qual o sujeito pode reconhecer os seus atos como bons ou maus, segundo se conformem ou não com ela" (GAMBRA, 1973, p. 279), podendo ser denominada lei, que é a expressão da norma moral (p. 278).
2. Os diferentes tipos de lei divina
A lei divina - não será tratada aqui a lei humana -, aquela promulgada pelo próprio Deus que, como afirma São Tomás, "é uma determinação da razão em vista do bem comum, promulgada por quem tem o encargo da comunidade (apud BETTENCOURT, 2003, p. 17), pode dividir-se em três tipos: eterna, natural e positiva.
Como a lei natural tem seu fundamento na lei divina, faz-se necessário abordá-la sinteticamente para tornar o tema mais claro.
2.1 A lei divina eterna
A lei divina eterna é considerada "o plano da sabedoria divina, concebido desde toda a eternidade, para levar as criaturas ao seu Fim supremo" (2003), ou ainda, como Santo Agostinho e São Tomás definiram, "a razão ou vontade de Deus que manda conservar a ordem natural ou proíbe perturbá-la" (apud FERNÁNDEZ, 2004, p. 164). Para um não cristão pode ser definida como a ordem do cosmos. A Declaração sobre a Liberdade Religiosa, "Dignitatis humanæ", do Concílio Vaticano II, assim a ela se refere:
... a norma suprema da vida humana é a própria lei divina, eterna, objetiva e universal, pela qual Deus ordena, dirige e governa todo o mundo e os caminhos da comunidade humana, segundo os desígnios da Sua Sabedoria e do Seu Amor (n. 3)
2.2 A lei divina natural
A lei divina natural é uma participação na lei eterna pela criatura racional. É a mesma lei divina referente ao universo em geral, que recebe o nome de natural na parte que regula o homem, fisicamente capaz de cumpri-la ou violá-la (GAMBRA, 1973). Continua a este respeito a Declaração "Dignitatis humanæ" ao esclarecer o significado da lei eterna: "Deus torna o homem participante de sua lei, de maneira que o homem, por suave disposição da Providência divina, pode conhecer cada vez melhor a verdade imutável" (n. 3).
Por ser parte da lei divina ela tem também Deus como seu legislador. Contudo não se encontra escrita concretamente, pois tem um conteúdo geral e amplo que não permitiria esta formulação. Ao contrário, encontra-se impressa na consciência de cada indivíduo, de tal forma que por mais rude que seja um homem, este sabe se os atos que pratica são bons ou maus (GAMBRA, 1973). A Constituição pastoral "Gaudim et Spes" reafirmou esta doutrina:
Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. Mas a ela deve obedecer. Chamando-o sempre a amar e praticar o bem, evitar o mal, no momento oportuno a voz desta lei lhe faz ressoar nos ouvidos do coração: ‘faze isto, evita aquilo'. De fato, o homem tem uma lei escrita por Deus em seu coração. Obedecer a ela é a própria dignidade do homem, que será julgado de acordo com essa lei. A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está a sós com Deus e onde ressoa a voz de Deus (n. 16).
Há certas escolas filosóficas que não a admitem, tais como o positivismo e o empirismo. Explicam que no homem existem apenas certas inclinações mais ou menos persistentes para atuar num certo sentido, porém variáveis em função dos tempos e dos países. Aceitam como efetiva somente a lei positiva humana. No entanto, na prática percebe-se patentemente a existência da lei natural, porque os homens aceitam e deixam certos princípios e normas, apesar de desviados e obscurecidos em certas ocasiões, presidirem suas vidas independentemente do tempo e lugar. De outro lado, alguns que constantemente não respeitam a lei positiva do seu país, acatam em sua conduta pessoal normas de honestidade e lealdade, que consideram invioláveis e válidas para si mesmos (GAMBRA, 1973).
3. A existência da lei natural nas antigas civilizações
A história confirma que os povos primitivos já percebiam a existência da lei natural e a praticavam. Entre estes povos estavam os greco-romanos. Preceitos tais como não matar, não roubar, cultuar a divindade, eram reconhecidos em sua sociedade. Isto se dava porque a lei natural é inteiramente racional. A razão aponta a sua existência recorrendo a dois argumentos. O primeiro deles refere-se à existência do próprio Deus:
Quem admite a existência de Deus Criador, admitirá que tenha infundido dentro das criaturas livres, feitas à sua imagem, algumas grandes normas que encaminhem o homem à consecução da vida eterna. Essa orientação interior é precisamente o que se chama ‘a lei natural' (BETTENCOURT, 2003, p. 18).
Deus não pode criar nada que não seja para si mesmo. Ao designar o homem à bem-aventurança eterna, deu-lhe a lei natural para orientar seus atos.
O segundo argumento baseia-se numa possível negação desta lei:
A negação da lei natural leva a dizer que os atos mais abjetos podem vir a ser considerados virtudes, e vice-versa. Quem não conhece a lei natural, atribui ao estado civil poder de definir o bem e o mal éticos; à vontade do Estado tornar-se a fonte da moralidade e do Direito; desde princípio segue-se a legitimação do totalitarismo e da tirania,de que testemunha o século XX (BETTENCOURT, 2003, p. 18).
A lei natural é que determina serem bons ou maus os atos humanos.
Uma prova concreta de sua existência, ademais, é a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948, pelas Nações Unidas, que não é senão sua reafirmação. Enfim, assim como no âmbito físico o homem segue certas leis (não comer pedras, não deixar de dormir) também no plano moral o corpo exige dele certas normas. O desprezo destas normas leva-o à desintegração psíquica, e quiçá física (BETTENCOURT, 2003, p. 18).
As normas morais são também necessárias por duas razões, como esclarece João Konzen:
a) A consciência moral da pessoa não capta de modo intuitivo e direto os valores morais, mas pela mediação da fórmula normativa que os expressa. Isso é uma exigência da psicologia do conhecimento humano. b) A condição social do ser humano exige a expressão normativa dos valores morais subjetivos, para possibilitar o necessário intercâmbio, a aprendizagem, a crítica, a formulação de um ethos comunitário, um consenso mediante a reciprocidade das consciências (2007, p. 154-155)
4. O Decálogo
De outro lado, Deus, criador de todo o universo, tendo escolhido Israel como seu povo, revelou-lhe sua lei, preparando-os assim para a vinda do Messias. Aos pés da montanha, coberta por uma espessa nuvem, ao som de uma trombeta, Moisés falou com Deus e Ele lhe respondeu através de trovões (Ex 19, 16-25). Por fim Deus "pronunciou" o Decálogo. Santo Agostinho comenta que "Ele escreveu nas tábuas da lei aquilo que os homens não conseguiram ler em seus corações" (apud Catecismo da Igreja Católica, 1962). Estas leis estavam declaradas e autenticadas no interior da aliança da salvação. Deste modo, o decálogo é uma luz para iluminar a consciência dos homens, manifestar-lhes os caminhos de Deus e protegê-los do mal (2070).
Ora, encontrando-se na Sagrada Escritura, tal lei é parte integrante e essencial da revelação. Delineiam os deveres imprescindíveis e, por isso, os direitos humanos fundamentais, inerentes à natureza da pessoa humana.
5.Harmonia entre lei natural e Decálogo
Ora, de acordo como o Catecismo da Igreja Católica "o Decálogo contém uma expressão privilegiada da ‘lei natural' (2070). Isto quer dizer que a substância moral existente em ambos é a mesma, ainda que em um de forma mais completa, como escreveu Santo Irineu, "Deus enraizara no coração dos homens os preceitos da lei natural. Inicialmente Ele se contentou em lhos recordar. Foi o Decálogo (apud 2070).
Embora acessíveis à razão, os preceitos do da Lei de Deus foram revelados, e para chegar a um conhecimento mais perfeito e correto das exigências da lei natural, a humanidade pecadora tinha necessidade dessa revelação. Conhece-se os Mandamentos divinos pela Revelação, proposta por intermédio da Igreja e por meio da consciência moral (2071).
Enfim, este trabalho não abarca todo o conteúdo referente à lei natural: ele é por demais extenso para limitar-se a tão pequeno espaço. Há inúmeros livros e tratados de moral ricos em comentários e opiniões de diversos autores que aqui, por brevidade e pelo desejo de se apresentar uma síntese acadêmica sobre o referido assunto, não foram expostos. Além disso, para se conhecer mais profundamente a lei natural, a normativa dada por Deus ao ser humano a fim de obter a divina beatitude, é essencial uma densa análise das outras leis.
Seja por meio do Decálogo ou da lei natural impressa na alma, todos são convocados ao grau eminente das virtudes, através do qual, realçando seus valores e os do próximo, atingirão a idade perfeita de Cristo em sua plenitude.
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por
http://www.gaudiumpress.org/
1. A lei é a expressão da norma moral
Em qualquer época histórica ou lugar do mundo, sob quaisquer condições, o homem sempre buscou a felicidade. Criatura de Deus, tem as potências de sua alma direcionadas, ainda que não perceba, para a posse do Bem Supremo. Assim, a inteligência deseja sofregamente possuir o conhecimento absoluto, a vontade almeja amá-lo ardentemente, e ambas não serão saciadas enquanto não se encontrarem com o ser pleno e perfeito, ou seja, Deus. A este respeito comenta Gambra (1973, p. 275) que "Deus como criador da natureza humana é o bem supremo para o qual, consciente ou inconscientemente, o homem tende ao desejar as diferentes coisas que pretende, naquilo que possuem de particularmente bom". Portanto, a felicidade completa, a realização plena de suas potencialidades, só se encontrará na contemplação ou posse de Deus. O ser humano caminha neste mundo qual peregrino em busca do mundo sobrenatural em que espera entrar após a morte (p. 276).
Tendo uma finalidade, deve cada homem orientar sua atuação moral rumo a ela, diria o conselheiro Acácio, profeta das evidências. Aliás, entende-se a própria finalidade como "aquilo que move alguém a praticar determinado ato; o bem (ou o mal) que a pessoa tem em vista ao agir" (BETTENCOURT, 2003, p. 13). Esta orientação se faz através da norma de moralidade, "regra ou medida a qual o sujeito pode reconhecer os seus atos como bons ou maus, segundo se conformem ou não com ela" (GAMBRA, 1973, p. 279), podendo ser denominada lei, que é a expressão da norma moral (p. 278).
2. Os diferentes tipos de lei divina
A lei divina - não será tratada aqui a lei humana -, aquela promulgada pelo próprio Deus que, como afirma São Tomás, "é uma determinação da razão em vista do bem comum, promulgada por quem tem o encargo da comunidade (apud BETTENCOURT, 2003, p. 17), pode dividir-se em três tipos: eterna, natural e positiva.
Como a lei natural tem seu fundamento na lei divina, faz-se necessário abordá-la sinteticamente para tornar o tema mais claro.
2.1 A lei divina eterna
A lei divina eterna é considerada "o plano da sabedoria divina, concebido desde toda a eternidade, para levar as criaturas ao seu Fim supremo" (2003), ou ainda, como Santo Agostinho e São Tomás definiram, "a razão ou vontade de Deus que manda conservar a ordem natural ou proíbe perturbá-la" (apud FERNÁNDEZ, 2004, p. 164). Para um não cristão pode ser definida como a ordem do cosmos. A Declaração sobre a Liberdade Religiosa, "Dignitatis humanæ", do Concílio Vaticano II, assim a ela se refere:
... a norma suprema da vida humana é a própria lei divina, eterna, objetiva e universal, pela qual Deus ordena, dirige e governa todo o mundo e os caminhos da comunidade humana, segundo os desígnios da Sua Sabedoria e do Seu Amor (n. 3)
2.2 A lei divina natural
A lei divina natural é uma participação na lei eterna pela criatura racional. É a mesma lei divina referente ao universo em geral, que recebe o nome de natural na parte que regula o homem, fisicamente capaz de cumpri-la ou violá-la (GAMBRA, 1973). Continua a este respeito a Declaração "Dignitatis humanæ" ao esclarecer o significado da lei eterna: "Deus torna o homem participante de sua lei, de maneira que o homem, por suave disposição da Providência divina, pode conhecer cada vez melhor a verdade imutável" (n. 3).
Por ser parte da lei divina ela tem também Deus como seu legislador. Contudo não se encontra escrita concretamente, pois tem um conteúdo geral e amplo que não permitiria esta formulação. Ao contrário, encontra-se impressa na consciência de cada indivíduo, de tal forma que por mais rude que seja um homem, este sabe se os atos que pratica são bons ou maus (GAMBRA, 1973). A Constituição pastoral "Gaudim et Spes" reafirmou esta doutrina:
Na intimidade da consciência, o homem descobre uma lei. Ele não a dá a si mesmo. Mas a ela deve obedecer. Chamando-o sempre a amar e praticar o bem, evitar o mal, no momento oportuno a voz desta lei lhe faz ressoar nos ouvidos do coração: ‘faze isto, evita aquilo'. De fato, o homem tem uma lei escrita por Deus em seu coração. Obedecer a ela é a própria dignidade do homem, que será julgado de acordo com essa lei. A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está a sós com Deus e onde ressoa a voz de Deus (n. 16).
Há certas escolas filosóficas que não a admitem, tais como o positivismo e o empirismo. Explicam que no homem existem apenas certas inclinações mais ou menos persistentes para atuar num certo sentido, porém variáveis em função dos tempos e dos países. Aceitam como efetiva somente a lei positiva humana. No entanto, na prática percebe-se patentemente a existência da lei natural, porque os homens aceitam e deixam certos princípios e normas, apesar de desviados e obscurecidos em certas ocasiões, presidirem suas vidas independentemente do tempo e lugar. De outro lado, alguns que constantemente não respeitam a lei positiva do seu país, acatam em sua conduta pessoal normas de honestidade e lealdade, que consideram invioláveis e válidas para si mesmos (GAMBRA, 1973).
3. A existência da lei natural nas antigas civilizações
A história confirma que os povos primitivos já percebiam a existência da lei natural e a praticavam. Entre estes povos estavam os greco-romanos. Preceitos tais como não matar, não roubar, cultuar a divindade, eram reconhecidos em sua sociedade. Isto se dava porque a lei natural é inteiramente racional. A razão aponta a sua existência recorrendo a dois argumentos. O primeiro deles refere-se à existência do próprio Deus:
Quem admite a existência de Deus Criador, admitirá que tenha infundido dentro das criaturas livres, feitas à sua imagem, algumas grandes normas que encaminhem o homem à consecução da vida eterna. Essa orientação interior é precisamente o que se chama ‘a lei natural' (BETTENCOURT, 2003, p. 18).
Deus não pode criar nada que não seja para si mesmo. Ao designar o homem à bem-aventurança eterna, deu-lhe a lei natural para orientar seus atos.
O segundo argumento baseia-se numa possível negação desta lei:
A negação da lei natural leva a dizer que os atos mais abjetos podem vir a ser considerados virtudes, e vice-versa. Quem não conhece a lei natural, atribui ao estado civil poder de definir o bem e o mal éticos; à vontade do Estado tornar-se a fonte da moralidade e do Direito; desde princípio segue-se a legitimação do totalitarismo e da tirania,de que testemunha o século XX (BETTENCOURT, 2003, p. 18).
A lei natural é que determina serem bons ou maus os atos humanos.
Uma prova concreta de sua existência, ademais, é a Declaração Universal dos Direitos do Homem, em 1948, pelas Nações Unidas, que não é senão sua reafirmação. Enfim, assim como no âmbito físico o homem segue certas leis (não comer pedras, não deixar de dormir) também no plano moral o corpo exige dele certas normas. O desprezo destas normas leva-o à desintegração psíquica, e quiçá física (BETTENCOURT, 2003, p. 18).
As normas morais são também necessárias por duas razões, como esclarece João Konzen:
a) A consciência moral da pessoa não capta de modo intuitivo e direto os valores morais, mas pela mediação da fórmula normativa que os expressa. Isso é uma exigência da psicologia do conhecimento humano. b) A condição social do ser humano exige a expressão normativa dos valores morais subjetivos, para possibilitar o necessário intercâmbio, a aprendizagem, a crítica, a formulação de um ethos comunitário, um consenso mediante a reciprocidade das consciências (2007, p. 154-155)
4. O Decálogo
De outro lado, Deus, criador de todo o universo, tendo escolhido Israel como seu povo, revelou-lhe sua lei, preparando-os assim para a vinda do Messias. Aos pés da montanha, coberta por uma espessa nuvem, ao som de uma trombeta, Moisés falou com Deus e Ele lhe respondeu através de trovões (Ex 19, 16-25). Por fim Deus "pronunciou" o Decálogo. Santo Agostinho comenta que "Ele escreveu nas tábuas da lei aquilo que os homens não conseguiram ler em seus corações" (apud Catecismo da Igreja Católica, 1962). Estas leis estavam declaradas e autenticadas no interior da aliança da salvação. Deste modo, o decálogo é uma luz para iluminar a consciência dos homens, manifestar-lhes os caminhos de Deus e protegê-los do mal (2070).
Ora, encontrando-se na Sagrada Escritura, tal lei é parte integrante e essencial da revelação. Delineiam os deveres imprescindíveis e, por isso, os direitos humanos fundamentais, inerentes à natureza da pessoa humana.
5.Harmonia entre lei natural e Decálogo
Ora, de acordo como o Catecismo da Igreja Católica "o Decálogo contém uma expressão privilegiada da ‘lei natural' (2070). Isto quer dizer que a substância moral existente em ambos é a mesma, ainda que em um de forma mais completa, como escreveu Santo Irineu, "Deus enraizara no coração dos homens os preceitos da lei natural. Inicialmente Ele se contentou em lhos recordar. Foi o Decálogo (apud 2070).
Embora acessíveis à razão, os preceitos do da Lei de Deus foram revelados, e para chegar a um conhecimento mais perfeito e correto das exigências da lei natural, a humanidade pecadora tinha necessidade dessa revelação. Conhece-se os Mandamentos divinos pela Revelação, proposta por intermédio da Igreja e por meio da consciência moral (2071).
Enfim, este trabalho não abarca todo o conteúdo referente à lei natural: ele é por demais extenso para limitar-se a tão pequeno espaço. Há inúmeros livros e tratados de moral ricos em comentários e opiniões de diversos autores que aqui, por brevidade e pelo desejo de se apresentar uma síntese acadêmica sobre o referido assunto, não foram expostos. Além disso, para se conhecer mais profundamente a lei natural, a normativa dada por Deus ao ser humano a fim de obter a divina beatitude, é essencial uma densa análise das outras leis.
Seja por meio do Decálogo ou da lei natural impressa na alma, todos são convocados ao grau eminente das virtudes, através do qual, realçando seus valores e os do próximo, atingirão a idade perfeita de Cristo em sua plenitude.
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por
http://www.gaudiumpress.org/
Conhecer a si mesmo!
Conhecer-se
a si mesmo! Essa velha máxima dos gregos atravessou milênios e chegou a
nós cheia de vida e de importância. Sem se conhecer você não pode se
construir como convém. E esta não é uma tarefa fácil. Ninguém se torna
maduro e equilibrado sem se conhecer. Temos que ter coragem de olhar as
escravidões e traumas que o passado possa ter deixado em nossa vida, não
importa por quem e como, e buscar a liberdade e o equilíbrio.
Vivemos acreditando em um montão de coisas que não podemos ter, que não podemos ser, que não vamos conseguir. A única maneira de tentar de novo é não ter medo de enfrentar as barreiras, colocar muita coragem no coração e não ter receio de arrebentar as correntes!
Reconheça os seus valores e os empregue para o bem dos outros. Isso não é egoísmo nem soberba. Humildade não é ficar se desvalorizando ou pisando em si mesmo, é ser fiel à verdade sobre você.
Quando começamos a nos conhecer, vencemos as ilusões sobre nós mesmos; vamos deixando as máscaras e falsidades; deixamos o “palco” e entramos na vida real.
Quando você olha a vida de frente, toma posse dela. Não tenha medo de constatar as suas forças, fraquezas e erros. Assuma tudo e recomece a corrigir o que estiver errado, com calma e perseverança. Não é fácil se enfrentar e se superar, mas é necessário. É preciso querer. Saiba que os nossos comportamentos têm causas boas ou más; investigue-as; só assim você vai se conhecer. Sem medo. Não se esqueça, é claro, de anotar os seus valores; faça uma contabilidade correta. Na verdade, você vai descobrir que é um pouco santo e um tanto pecador; um tanto sábio e outro tanto tolo; um tanto mentiroso e um tanto honesto; um tanto qualificado e um tanto incompetente; um tanto alegre e um tanto triste... e mais.
Mas aprenda a amar-se e a aceitar-se com a devida tolerância para consigo mesmo. Quando fazemos um exame profundo de nosso interior experimentamos renascer em nós a liberdade e a vida. Assim os fantasmas da alma desaparecem e o seu verdadeiro eu pode erguer-se.
Preste atenção naquilo que as pessoas honestas falam de você, e você se conhecerá um pouco mais.
O que mais acontece nos relacionamentos humanos é o fato de as pessoas não verem e não assumirem as suas falhas, tentando sempre empurrar as culpas das coisas erradas para os outros; é o chamado “bode expiatório”.
Temos também que ter coragem de aceitar as boas críticas, pois nos fazem mais bem aqueles que honestamente nos criticam do que aqueles que nos bajulam. Os primeiros nos ajudam a crescer, os outros nos fazem orgulhosos.
Se você aprender a lidar com você mesmo, lidar com os outros será mais simples e você será feliz.
Felipe Aquino
[email protected]
Prof. Felipe Aquino, casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Trocando Idéias". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br
Vivemos acreditando em um montão de coisas que não podemos ter, que não podemos ser, que não vamos conseguir. A única maneira de tentar de novo é não ter medo de enfrentar as barreiras, colocar muita coragem no coração e não ter receio de arrebentar as correntes!
Reconheça os seus valores e os empregue para o bem dos outros. Isso não é egoísmo nem soberba. Humildade não é ficar se desvalorizando ou pisando em si mesmo, é ser fiel à verdade sobre você.
Quando começamos a nos conhecer, vencemos as ilusões sobre nós mesmos; vamos deixando as máscaras e falsidades; deixamos o “palco” e entramos na vida real.
Quando você olha a vida de frente, toma posse dela. Não tenha medo de constatar as suas forças, fraquezas e erros. Assuma tudo e recomece a corrigir o que estiver errado, com calma e perseverança. Não é fácil se enfrentar e se superar, mas é necessário. É preciso querer. Saiba que os nossos comportamentos têm causas boas ou más; investigue-as; só assim você vai se conhecer. Sem medo. Não se esqueça, é claro, de anotar os seus valores; faça uma contabilidade correta. Na verdade, você vai descobrir que é um pouco santo e um tanto pecador; um tanto sábio e outro tanto tolo; um tanto mentiroso e um tanto honesto; um tanto qualificado e um tanto incompetente; um tanto alegre e um tanto triste... e mais.
Mas aprenda a amar-se e a aceitar-se com a devida tolerância para consigo mesmo. Quando fazemos um exame profundo de nosso interior experimentamos renascer em nós a liberdade e a vida. Assim os fantasmas da alma desaparecem e o seu verdadeiro eu pode erguer-se.
Preste atenção naquilo que as pessoas honestas falam de você, e você se conhecerá um pouco mais.
O que mais acontece nos relacionamentos humanos é o fato de as pessoas não verem e não assumirem as suas falhas, tentando sempre empurrar as culpas das coisas erradas para os outros; é o chamado “bode expiatório”.
Temos também que ter coragem de aceitar as boas críticas, pois nos fazem mais bem aqueles que honestamente nos criticam do que aqueles que nos bajulam. Os primeiros nos ajudam a crescer, os outros nos fazem orgulhosos.
Se você aprender a lidar com você mesmo, lidar com os outros será mais simples e você será feliz.
Felipe Aquino
[email protected]
Prof. Felipe Aquino, casado, 5 filhos, doutor em Física pela UNESP. É membro do Conselho Diretor da Fundação João Paulo II. Participa de aprofundamentos no país e no exterior, escreveu mais de 60 livros e apresenta dois programas semanais na TV Canção Nova: "Escola da Fé" e "Trocando Idéias". Saiba mais em Blog do Professor Felipe Site do autor: www.cleofas.com.br
Formação
Colírio da Vida!
A
vida é sempre imprevisível. Aliás, se fosse programada seria muito
triste. Que bom que a vida foge de nossos programas. Ela é sempre maior
que nossos planos e projetos. Nem sempre veremos os resultados do que
fazemos. Nenhuma semente jamais vê a flor ou o fruto. É bom lembrar essa
verdade, especialmente diante dos momentos difíceis que teremos de
superar.
Um dos grandes segredos para um coração curado é aprender a enxergar a vida pelo ângulo correto. Ainda que os acontecimentos sejam difíceis, a chave para nossa felicidade está no modo como reagimos.
Do mesmo jeito que a poeira atrapalha nossa visão, e de vez em quando é preciso pingar algumas gotas de colírio para limpar os olhos e tirar o ardume, os olhos do nosso coração precisam receber muitas gotas do colírio da vida, com o qual Jesus veio nos presentear pela graça da cura nterior.
“[...]desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus (…) e não vos deixeis abater pelo desânimo (Hb 12,1b.3).
O desânimo que nos abate é muito mais fruto do modo como olhamos para os problemas do que dos problemas em si. Temos aqui dois grandes segredos: enxergar com os olhos do coração e mirar no alvo seguro apontado por Jesus.
Assim como um bom músico educa seu ouvido para perceber as pequenas vibrações dos acordes, precisamos educar nossos olhos e os olhos do nosso coração. Isso requer tempo e persistência. Para isso necessitamos de um bom mestre, tal como um aluno de artes plásticas necessita que seu professor lhe empreste os olhos para observar os detalhes de uma obra: cor, luz, sombra, profundidade, entre outros.
Nosso Mestre é Jesus! Sua postura é sempre de alguém que enxerga além do óbvio. Quem vê somente o óbvio não enxerga. Jesus manda olhar para as coisas, para as pessoas e para os acontecimentos de um jeito novo. Ele tem um olhar que vai além da convenção social. Por isso, enquanto todos viam uma prostituta, Ele enxergava uma discípula. Jesus não olhava a partir dos preconceitos. Ele estava sempre desarmado e ajudava as pessoas a se desarmarem.
O Senhor não tinha medo de se aproximar das pessoas. Permitia que elas O tocassem. Sentava-se com elas. Frequentava a casa até de pessoas de má fama. E se misturava com os pecadores e marginalizados. Sua opção pelos excluídos é um ensino espetacular de cura interior. Jesus enxergava a alma da pessoa. Por isso acreditava na capacidade de mudança. Só quem vê o que está escondido é capaz de projetar algo novo. Quem não vê além do óbvio não sonha!
O colírio de vida, receitado e usado por Jesus, precisa ser empregado com muita frequência por todos aqueles que se encontram sedentos dessas gotas de cura interior.
(Extraído do livro: Gotas de cura interior).
Padre Leo, SCJ
Fundador Comunidade Bethânia
Um dos grandes segredos para um coração curado é aprender a enxergar a vida pelo ângulo correto. Ainda que os acontecimentos sejam difíceis, a chave para nossa felicidade está no modo como reagimos.
Do mesmo jeito que a poeira atrapalha nossa visão, e de vez em quando é preciso pingar algumas gotas de colírio para limpar os olhos e tirar o ardume, os olhos do nosso coração precisam receber muitas gotas do colírio da vida, com o qual Jesus veio nos presentear pela graça da cura nterior.
“[...]desvencilhemo-nos das cadeias do pecado. Corramos com perseverança ao combate proposto, com o olhar fixo no autor e consumador de nossa fé, Jesus (…) e não vos deixeis abater pelo desânimo (Hb 12,1b.3).
O desânimo que nos abate é muito mais fruto do modo como olhamos para os problemas do que dos problemas em si. Temos aqui dois grandes segredos: enxergar com os olhos do coração e mirar no alvo seguro apontado por Jesus.
Assim como um bom músico educa seu ouvido para perceber as pequenas vibrações dos acordes, precisamos educar nossos olhos e os olhos do nosso coração. Isso requer tempo e persistência. Para isso necessitamos de um bom mestre, tal como um aluno de artes plásticas necessita que seu professor lhe empreste os olhos para observar os detalhes de uma obra: cor, luz, sombra, profundidade, entre outros.
Nosso Mestre é Jesus! Sua postura é sempre de alguém que enxerga além do óbvio. Quem vê somente o óbvio não enxerga. Jesus manda olhar para as coisas, para as pessoas e para os acontecimentos de um jeito novo. Ele tem um olhar que vai além da convenção social. Por isso, enquanto todos viam uma prostituta, Ele enxergava uma discípula. Jesus não olhava a partir dos preconceitos. Ele estava sempre desarmado e ajudava as pessoas a se desarmarem.
O Senhor não tinha medo de se aproximar das pessoas. Permitia que elas O tocassem. Sentava-se com elas. Frequentava a casa até de pessoas de má fama. E se misturava com os pecadores e marginalizados. Sua opção pelos excluídos é um ensino espetacular de cura interior. Jesus enxergava a alma da pessoa. Por isso acreditava na capacidade de mudança. Só quem vê o que está escondido é capaz de projetar algo novo. Quem não vê além do óbvio não sonha!
O colírio de vida, receitado e usado por Jesus, precisa ser empregado com muita frequência por todos aqueles que se encontram sedentos dessas gotas de cura interior.
(Extraído do livro: Gotas de cura interior).
Padre Leo, SCJ
Fundador Comunidade Bethânia